A obra com Viola Davis, em que interpreta a Nanisca, general de um exército de guerreiras num antigo reino africano farto, potente, próspero, responsável pelo treinamento e condução de seu batalhão para não somente proteger seu rei e, consequentemente, seu reino, mas tudo aquilo que todos ali acreditam.
Namor, interpretado por Tenoch Huerta, governante de um reino atlântico, farto, potente, próspero, reina como um mito buscando preservar a segurança, o bem-estar e as tradições de seu povo, inclusive mantendo vivas as práticas dos fundadores deste reino, quando ainda viviam na superfície.
Entre tantos pontos em comum que podemos identificar, há um que gostaria de chamar a atenção: o respeito à ancestralidade. A todo instante há referências aos antigos, fala-se respeitosamente sobre aqueles que vieram antes, aqueles dos quais descendem, e todo o seu poder contido nas diversas representações sociais e culturais que constroem não somente suas crenças, mas tudo o que são.
Quando falamos de ancestralidade, falamos de heranças: políticas, sociais, culturais, genéticas, religiosas, espirituais, éticas, morais. Ancestralidade envolve diversos pontos das nossas vidas. A ancestralidade construiu o mundo em que vivemos deixando as raízes do que somos, ou deveríamos ser. É louvável cultuar as memórias, as produções e, claro, gerar novas produções, novos pensares e fazeres seguindo na construção deste mundo, já que nós é que vivemos nesta geração.
Algo que é muito presente em ambas as obras e que os dois personagens tratam muito abertamente está o amor. Amor pelo seu povo, pelo outro fraternal, pela ancestralidade. Quem não conhece ou não procura conhecer e entender os cultos de matriz africana, não entende sobre o que é cultuar a ancestralidade. São cultos que se referendam justamente aos que construíram as bases de nossas subjetividades, especialmente como sujeitos negros no Brasil, por exemplo. Entender sobre cultos de matriz africana pode te permitir esclarecimento suficiente para não somente respeitar, mas acabar com o racismo e com outras formas de preconceito, como o religioso.
O apagamento que ainda se realiza hoje é uma afronta não somente aos nossos corpos, identidades e subjetividades enquanto seres vivos com violências como toda forma de racismo, mas é uma afronta a todos aqueles que vieram antes de nós e que são essencialmente responsáveis pela construção de nosso país, de nossa nação.
Acho bastante pertinente trazer este assunto ainda este mês, em que se trabalha mais ainda a questão da consciência negra, já que ambos os filmes ainda estão em cartaz e bem frescos na nossa memória.
Ainda falaremos sobre outros tópicos destes filmes. O que você sugere?
Comments