Proteus era um deus grandioso, embora pouco conhecido do panteão grego. Era conhecido por suas mudanças constantes de forma, muitas vezes usadas para assustar as pessoas e até outros deuses. Mas o que ele tem a ver com a carreira profissional?
É inspirado na capacidade de transformação deste deus que D.T. Hall em 976, em seu livro Careers in Organizations (Carreiras em Organizações) descreveu o que seria o perfil futuro na forma de construir uma carreira de acordo com as relações de trabalho que prescrevia.
Carreira Proteana é um conceito pensado numa nova configuração de carreira profissional que surgiu através das mudanças que ocorreram no mercado de trabalho e que demandaram novas maneiras de construir relacionamentos entre empresa e seus empregados, inclusive com foco no desenvolvimento profissional.
Estas mudanças surgiram graças à aceleração das descobertas tecnológicas, especialmente no campo da comunicação, que ocorreram desde a última década do século XX. Este momento não só impulsionou o processo de globalização, mas alterou a economia e a política mundial radicalmente, mas também a sociedade.
São mudanças que trouxeram impacto nas organizações que, para que pudessem manter a competitividade, viram-se obrigadas a incorporar como valores a inovação e a flexibilidade assim como agilidade para que sua gestão pudesse garantir-lhes alguma vantagem competitiva, mas, consequentemente, a forma como as pessoas passaram a ver o que é carreira mudou.
Novas formas de gestão onde há uma acentuada preocupação na qualidade dos produtos através de processos melhor geridos que permitem redução de custos passou a ser o foco das organizações e o impacto na vida profissional das pessoas acabou sendo ainda maior. A demanda pro profissionais que se moldem a esta nova realidade cresceu e inclusive alterou, ou melhor, atualizou, a grade disciplinar de cursos de graduação para preparar para o mercado de trabalho este novo modelo de profissional, diferente do que se pensava ainda no modelo científico de Taylor e clássico de Fayol. Uma nova realidade surgiu para o início do século XX.
As relações de trabalho não são mais as mesmas não é de agora: home office, contratos PJ, prestadores de serviço, consultorias diversas. Uma nova realidade toma forma nas organizações. Já para as pessoas, os profissionais, uma necessidade constante de atualização e desafios faz com que se busque por mudanças. Trabalhar numa única empresa pela vida toda já não atende mais. Surge assim uma outra forma de felicidade que é baseada não mais no status que um bom salário e uma alta posição na hierarquia da empresa permitem, mas a auto realização fazendo o que se gosta e com uma certa flexibilidade. É esta transformação que é gerenciada pelo próprio profissional sobre sua carreira, que lhe permite ter liberdade para mudar o quanto quer, quando quer, na direção que quer, que é relacionada ao deus Proteus e daí, carreira proteana.
As organizações são responsáveis pelo desenvolvimento das pessoas em seus ambientes de trabalho, responsável pela gestão de suas carreiras, mas este profissional proteano é ainda mais responsável pela gestão de sua própria carreira devido às suas competências, vontades, aspirações próprias. Cabe às organizações nos dias de hoje saber atrair estes profissionais pois são dotados de um espírito empreendedor com alto grau de criatividade e inovação, mas também precisam desenvolver estratégias de retenção dos mesmos. É preciso que se aprenda a se adequar não somente a este tipo de profissional, mas à realidade de contextos onde a organização está inserida.
É certo que não são todas as pessoas que tem esta característica, isto é algo muito pessoal, subjetivo, e que para as organizações, dependendo de seu estilo e cultura, não consiga que um profissional proteano se encaixe, mas é possível que se desenvolvam planos de ação, tanto por conta deste profissional em seguir construindo sua carreira, quanto das organizações em aproveitar o máximo possível de suas contribuições.
E você, se encaixa neste perfil?
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