"Sempre me deram papéis de pobre, ignorante e violento, mas hoje eu sou um super-herói e ninguém pode tirar isso de mim!"
-Tenoch Huerta (Namor, no filme Pantera Negra: Wakanda para sempre)
Fonte: ADM/Tarantino
Ainda falando sobre apagamento conforme meu post anterior, este é um reflexo da visão que as pessoas brancas têm geralmente sobre as pessoas não-brancas: o de subalternação e marginalização.
A visão eurocentrada narcisista leva a enxergar aqueles que se diferem de seu eixo padrão normativo como sendo abaixo de suas qualificações. Por isso que na grande maioria das obras cinematográficas, povos latinos, incluindo brasileiros, somos vistos apenas como pessoas de países pobres, violentos, bandidos, traficantes, assassinos, prostitutas (essencialmente o gênero feminino porque o homem até nisto é favorecido e vira um latin lover desejado por homens e mulheres), enfim, a pior espécie do submundo. O mesmo fazem com pessoas negras. Além disso tudo já descrito, serviçais, mão de obra barata.
Aqui cabe um adendo: geralmente excluem o brasileiro da comunidade latina como se não fôssemos latino-americanos, cabendo a nós, as mesmas imagens acima, além de selvagens porque associam o Brasil à Amazônia pensando que aqui “só tem índio”. Mas também há a imagem do futebol e das mulheres no carnaval, o que leva à objetificação do corpo da mulher brasileira.
Enfim, temos nossas telenovelas que reforçam muito estes estereótipos e muitas destas representações sociais acabam sendo refletidas também na publicidade. Dificilmente somos vistos em papéis de destaque que representem poder na estrutura social.
Apagamento tem tudo a ver com isso. Conquistar e dominar e para isso, foi (é) necessário depreciar, desvalorizar, apagar qualquer rastro que possa evitar a manutenção de identidades e acabar com subjetividades diversas.
Novamente: o que isto tem a ver com LinkedIn? Tudo! Seguimos falando de pessoas, identidades, sujeitos plenamente capazes de ocupar posições de destaque em todos os campos da vida humana, seja social, laboral, acadêmico-científica, etc. É por causa deste apagamento que permitiu que surgisse na sociedade uma estrutura onde somente pessoas brancas gozem de seus privilégios de ser o que querem ser. Claro que nem todos os brancos gozam destes privilégios plenamente, mas há uma enorme desproporcionalidade em ocupações, convenhamos.
Enfim, o desabafo de Tenoch Huerta é muito pertinente às nossas representações em todas as profissões, não somente na classe artística. Afinal, quantos atores e atrizes negros nós já vimos encenando os mesmos tipos de papéis? Quantos conseguiram furar a bolha como os queridos Lázaro Ramos e Taís Araujo?
Entender sobre racismo estrutural e aceitar que ele existe é fundamental para provocar transformações, mudanças. É tudo sobre nós todos!
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