Ela já foi apontada como a Meryl Streep negra pela qualidade artística de seu trabalho, pela potência em suas interpretações viscerais, mas não tem qualidade artística e potência suficiente para ter a mesma remuneração que a atriz branca.
É incontestável o talento de Viola Davis, mas também ainda é incontestável duas verdades:
1. mulheres ganham menos que homens na mesma profissão/função;
2. mulheres negras ganham menos que mulheres brancas na mesma profissão/função.
O acalorado discurso de Davis na ocasião de ganhar o Emmy Awards de melhor atriz em série de drama deixa muito clara esta condição da mulher negra no mercado de trabalho. Não só nesta oportunidade, mas em diversas outras a atriz reforça seu papel político ao abordar a questão. Todos queremos profissionais qualificados em nossos times, mas muitas vezes não remuneramos como devido por vieses inconscientes ou questões claramente racistas.
Viola Davis mais uma vez brilha, agora na capa da Vanity Fair, revista de moda onde raramente é visto uma mulher negra. Por ocasião, esta capa foi produzida pela primeira vez por um fotógrafo negro na história da revista, Dario Calmese.
Houve um momento em que algumas mulheres negras brasileiras também estamparam capas de revistas de alta veiculação no país, mas resta uma pergunta: por que apenas num único mês e porque, no caso do Brasil, mais de uma num mesmo mês? Insisto com outra pergunta: por que não diluir tantas mulheres negras lindas com trajetórias lindas ao longo das capas do ano? Pelo menos desta vez não foi somente no mês da consciência negra, mas curiosamente foi dois meses após a tragédia com George Floyd.
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